sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ORIGENS DO MARABAIXO


*ALINE DA SILVA LEAL
*MARCELO GOMES GONZÁLEZ
*TATIANA MENDES DA SILVA
*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física pela Universidade Vale do Acaraú-AP


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As várias etnias negras quando foram retiradas de sua Mãe-Africa pelos colonizadores, trouxeram consigo seus valores sociais, assim como suas tradições culturais.
Das culturas trazidas pelos negros formou-se o marabaixo e o batuque expressões culturais que mais se realizam em Macapá. Os negros preservam o Marabaixo, dança que se assemelha ao arrastar dos pés presos pelas correntes da escravidão. No canto cadenciado aparecem os lamentos do cotidiano e saudades da África.
Em uma das origens do vocábulo Marabaixo, tem significado de mar + abaixo, dando a idéia do movimento dos navios negreiros vindos para o Brasil; no caso os escravos vinham nos porões abaixo do nível do mar; ou o termo Marabaixo é provavelmente uma palavra com escrita variando de região como, marabuto ou marabut, do árabe morabit – Saudar os deuses.
A festa do marabaixo homenageia a Santíssima Trindade e o Divino Espírito Santos, através de ladainhas e missas representando o lado religioso. A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da festividade; carregada de tristeza ou de alegria, expressando melodiosamente os sentimentos de suas vivências.
A dança possui uma coreografia própria que imita os passos acorrentados dos negros escravos. Os dançarinos ora formam filas, abraçando uns aos outros, ora separados, se organizam em filas três a três, ora ficam de lado a lado.
Trata-se de um quadro de muita alegria sob o céu estrelado das noites amapaenses. Onde as cores vivas das vestimentas, as fitas, as flores; tudo contribui colaborando para a vivacidade desta dança. Marcados por tambores chamados de caixa de marabaixo, que por muitos anos foram construídos de forma artesanal, porém, com bastante precisão pelo senhor Joaquim Sussuarana e Zeca Costa; confeccionado com couro de animais, como cobra (sucuriju, jibóia), bode, etc.
O ladrão do marabaixo é o canto improvisado e rimado composto pelo cantador de marabaixo, geralmente relacionado ao seu cotidiano. Também chamado dessa forma devido um outro cantador de marabaixo se aproximar e “roubar” a vez de cantar seus improvisos.
Segundo Tavares (2010):
No Amapá, o Ciclo do Marabaixo é comemorado todos os anos por grupos organizados que trabalham para manter vivas as tradições da raiz herdada dos ancestrais. O evento faz parte do calendário oficial de festividades do Governo do Estado.
O ritual do Marabaixo começa no Domingo de Páscoa na Igreja de São Benedito, (construída pelos próprios negros na década de 1960-1970).  Segundo Figueiredo e SmartO ciclo do Marabaixo é composto por missas, novenas, procissões, bailes populares, dança e rituais do Marabaixo e dura aproximadamente sessenta dias". Segue o seguinte ritual:
Cortação do Mastro: cinco semanas após a Páscoa, no sábado, nas proximidades da casa do festeiro (pessoa da Comunidade que sede o espaço para o marabaixo), como preparação para o dia seguinte.
Cortação do mastro a ser enfeitado com murta (é uma planta com cheiro peculiar que para o marabaixo espanta os maus olhados e trás felicidade) – parte importante no ritual do marabaixo.
Domingo do Mastro: Os participantes se deslocam até o lugar onde estão os mastros, dançando, cantando e soltando fogos e artifícios, com bandeiras do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade. Em seguida apanham os mastros e os levam para a casa do festeiro.
Quarta da Murta: Na primeira quarta-feira depois do Domingo do Mastro, os participantes vão quebrar a “murta” nas proximidades da Cidade, dançando, cantando e soltando foguetes pelas ruas, levando a bandeira vermelha do Espírito Santo. Voltam pelo caminho percorrido para guardar a murta para enfeitar o mastro no outro dia.
Quinta-feira da hora: pela manhã, depois que cavam o buraco e enfeitam o mastro do Divino com os galhos da murta e a bandeira em sua extremidade. Levantam o mastro e dançam o marabaixo até a tarde; a partir desse dia, durante 18 dias são realizadas ladainhas em homenagem ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade, na casa do festeiro. E, depois das ladainhas é realizada uma festa para os participantes e convidados, regado a muita gengibirra. (bebida composta por gengibre ralado, água-ardente e açúcar).
Domingo do Espírito Santo: Dança-se o marabaixo neste dia e as ladainhas continuam mais uma semana.
Sábado da Trindade: Festa dançante para participantes e convidados.
Domingo da Trindade: Ocorre uma missa pela manhã na Igreja de São Benedito, pela tarde acontece a “quebra da murta”. Onde os participantes saem dançando o marabaixo pelas ruas soltando fogos e artifícios; dessa vez empunham a bandeira branca da Santíssima Trindade. De noite rezam a última ladainha em louvor a Santíssima. Seguindo do baile, que só termina na segunda do mastro.
Segunda do mastro: a partir das 06 h da manhã, cavam um buraco em frente da casa do festeiro, enfeitam o segundo mastro da murta, este da Santíssima Trindade, e o levantam ao lado do mastro do Divino Espírito Santo. Após esse ato, dançam o marabaixo até às 12 h, só reiniciando no Domingo do Senhor.
Domingo do Senhor: Este é o último dia do ciclo anual do marabaixo. Onde os participantes dançam até as 18 h quando param para a derrubada do mastro (os dois) e em seguida recomeçam a dançar o marabaixo até tarde da noite em meio há muita alegria por estarem perpetuando a cultura deixada pelos nossos antepassados. E a tradição segue através dos séculos.
LETRAS DAS MÚSICAS MAIS CONHECIDAS

ROSA BRANCA
"Rosa branca açucena lê,
Case
com a moça morena Lê,
Amanhã
é dia santo o lê, lê
dia de corpo deus ô lê,
Quem
tem roupa vai a missa
quem não tem faz como eu
Rosa branca açucena lê,
Case
com a moça morena lê, lê "

DOBRADO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
"A pomba do divino já voou, já foi embora
chegou na quarta-feira ,chegou no dia da hora
na quarta-feira , na quarta – feira
chegou no dia da hora
no dia da hora quando a missa entrou
no dia da hora
quando a missa entrou
Jesus Cristo lá no céu
se alegrou..."


REFERÊNCIAS

PEREIRA, Nunes. O sahiré e o marabaixo: Tradições da Amazônia. Contribuição ao Primeiro Encontro Brasileiro de Folclore. Rio de Janeiro: Gráfica Ouvidor, 1951, 139 p.
CANTO, Fernando. A água benta e o diabo. 2. ed. Macapá: FUNDECAP, 1998.
RICHARDSON, Maikon. Marabaixo. Disponível em: <http://maikon.wordpress.com/2009/01/12/marabaixo/>. Acesso em: 18 set. 2010.
TAVARES, Iracilda. Comunidade comemora Ciclo do Marabaixo com festa e religiosidade. Disponível em: <http://www.amapadigital.net/noticias/2010/geral/marco/31-03-10-geral111.html>. Acesso em: 18 set. 2010.
FIGUEIREDO, Dora; SMART, Raphaela. Marabaixo: Dança tipicamente amapaense. Disponível em:< http://ecografismoap.blogspot.com/2010/06/marabaixo-danca-tipicamente-amapaense.html>. Acesso em: 28 set. 2010.

2 comentários:

  1. perfeita explicação. parabéns aos acadêmicos pelo artigo!
    muito importante falar de nossa cultura.

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