sexta-feira, 27 de abril de 2012

A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE SOCIAL EM ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Ana Alice da Costa Monteiro*
Cosma Costa da Silva*
Gilson de Brito Mendes*
Kerolin Alexandra Santos de Brito*
Marcelo Gomes González*
Raimundo Trindade Mira*
Ruan Pablo Silva Almeida*
Tassiana Costa da Silva*
Jany Maria Barbosa Pantoja**

*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Vale do Acaraú – Macapá/AP.
**Professora orientadora do Colegiado de Educação Física da Universidade Vale do Acaraú – Macapá/AP, e mestranda e Ciências da Educação da Universidade del Salvador – Buenos Aires / Arq.



INTRODUÇÃO


Atualmente as pessoas vivem um momento onde o mercado de trabalho é muito exigente, fazendo com que esqueçam a saúde corporal. E, pela grande pressão vivida todos os dias, também deixem de lado a saúde social. Como consequência, essas pessoas aprendem a ganhar sem ter ética.
A qualidade de vida e a saúde são resultados dos hábitos do dia a dia (SHARKEY, 2006; GUISELINE, 2006 appud LOUREIRO e MACHADO), sendo que a grande maioria dos indivíduos morre antes dos 65 anos de idade pelo estilo de vida inadequado (GUISELINE appud LOUREIRO e MACHADO).
Devido a ética não estar presente em alguns alunos/trabalhadores de hoje, que sempre dão um "jeitinho", surgiu a necessidade de pesquisar sobre o assunto “Esporte e Saúde Social na Educação de Jovens e Adultos”. Sendo que essa relação entre Educação Física e saúde social é praticamente desconhecida, pelo simples fato de que os anos de aulas ministradas eram exercidos por profissionais despreparados.
Dessa forma, têm-se como objetivos principais: informar profissionais que lecionam a disciplina Educação Física e alunos sobre a importância do esporte e atividades diversas como causadores da saúde social, a qual não se limita apenas no manter seu corpo saudável (higienista), mas sim aprimorar no aluno um senso de coletividade, criatividade, cidadania, bem-estar, honestidade, respeito etc.; E, mostrar que o esporte e dinâmicas utilizadas na escola podem ser um meio para levar cidadania, moral, ética, valores a quem antes não os utilizava por desconhecer o real sentido de conviver bem em sociedade.
Supõe-se que os alunos da EJA, em sua maioria, são trabalhadores, gestantes e pessoas com uma faixa etária muito variada. E, que nas aulas de Educação Física, esses alunos querem atividades de grupo, dinâmicas, alongamentos de baixa amplitude articular (ginástica laboral) e que haja momentos de relaxamento.
Durante a pesquisa surgiram os seguintes questionamentos: Quais as vantagens e desvantagens da Educação Física estar no mesmo período das outras disciplinas? E, o que os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) querem nas aulas de Educação Física?


PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


O presente artigo foi desenvolvido por meio de pesquisa na internet, através de artigos científicos escritos pelos professores: Luciano Leal Loureiro e Julia Lepkoski Machado (2008), Leandro da Costa; Maria Assunção Brito de Jesus e Mariza Carmen Silva (2007), Medicina Tropical (2009), Keila A. Baraldi Knobel (2004). E, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9394/96) Artigo 26, parágrafo 3º. Os quais deram subsídios necessários para o desenvolvimento de um tema pouco conhecido, a saúde social.


EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


A educação de jovens e adultos (EJA) é uma forma de ensino da rede pública no Brasil, que tem como objetivo desenvolver o ensino fundamental e médio com qualidade.
Nesse grupo os alunos, a grande maioria, não são praticantes de nenhuma atividade física, já que na maior parte do tempo trabalham ou estão limitados a fazer algumas atividades, como é o caso dos idosos e gestantes.
Esses alunos estão em busca somente de uma maior qualificação para o mercado de trabalho e, aprender a ler e escrever para terem sua identidade na sociedade.
No Brasil, segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), artigo 26, 3º, a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; que seja maior de trinta anos de idade; que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da Educação Física; que seja amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1991 e que tenha prole.
A Educação Física na educação de jovens e adultos busca sensibilizar esses discentes da relação entre atividade física e saúde social. Também, como as práticas corporais podem melhorar a qualidade de vida dos alunos, tanto no biológico como no social. Já que o professor será responsável por quebrar o estereotipo de que, a Educação Física é só correr atrás de uma bola e cansar. Visto que a disciplina vai muito além do simples ato de correr e cansar, pois a partir dela podem-se mudar vidas.


Costa;Jesus;Silva (2007) se considera a inclusão da educação física na EJA como representação da possibilidade dos sujeitos no contato com a cultura corporal de movimentos, numa perspectiva de usufruto de instrumentos para promover a saúde, aguçar a criatividade no aproveitamento do tempo de lazer e expressar afetos e sentimentos em diversos contextos de convivência.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades".
Já a saúde social, podemos defini-la como uma condição em que o indivíduo consegue viver bem em sociedade, na qual tenha momentos de lazer e de distração.


A saúde é um recurso para a vida diária, e não um objetivo de vida; é um conceito positivo, enfatizando recursos sociais e pessoais, tanto quanto as aptidões físicas. É um estado caracterizado pela integridade anatômica, fisiológica e psicológica; pela capacidade de desempenhar pessoalmente funções familiares, profissionais e sociais. (KNOBEL, 2004).


A saúde passou, então, a ser mais um valor da comunidade que do indivíduo. É um direito fundamental da pessoa humana, que deve ser assegurado sem distinção de raça, de religião, ideologia política ou condição sócio-econômica (ALMEIDA GOUVEIA, 1960 appud MEDICINA TROPICAL, 2009). A saúde é, portanto, um valor coletivo, um bem de todos, devendo cada um gozá-la individualmente, sem prejuízo de outrem e, solidariamente, com todos.
A cada dia, as pessoas vêm se preocupado menos com a prática de atividades físicas, para a manutenção da qualidade de vida. Todos querem ter uma oportunidade para melhorar a vida. Os alunos da EJA acabam tendo este perfil, são alunos que voltam à escola com o objetivo de após os estudos terem uma vida melhor.



Os alunos da EJA são homens e mulheres, trabalhadores/as empregados/as e desempregados/as ou em busca do primeiro emprego, moradores urbanos de periferias, favelas e vilas. São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura (LOUREIRO e MACHADO, 2008).


Assim a relação entre atividade física e saúde vem a ser um dos principais motivos para a participação destes alunos nas aulas de educação física, uma vez que, eles terão mais informações para as mudanças de atitudes consigo mesmo e com a família, proporcionando-lhes autonomia em relação às práticas de promoção e manutenção da saúde social e corporal.
Está ocorrendo uma revolução nos cursos de Educação Física, que vem provocando questionamentos sobre alguns conceitos: o que se tenta expor criticamente hoje é a relação entre “Esporte e Saúde”. Esta veiculação, infelizmente, não é a mais usual, pois geralmente é substituída por “Esporte é Saúde” pelo conhecimento popular, uma relação que aparenta ser uma verdade absoluta, quando não, obrigatoriamente, é. Os novos conceitos trabalhados relacionam Esporte, Saúde e Qualidade de Vida, de maneira a levantar o debate para refletir sobre os mesmos.
O Esporte, como conceito, é considerado uma atividade metódica e regular, que associa resultados concretos referentes à anatomia dos gestos e à mobilidade dos indivíduos.
Existem outros conceitos de Esporte, em que se consideram como um componente dos blocos de conteúdos da Educação Física escolar, isto é, a Educação Física nas escolas possui alguns conteúdos, tais como a dança, os jogos, as lutas, as brincadeiras, e o esporte é um destes. É na escola que a conotação de Esporte deve ser diferente do Esporte de alto nível, apesar de alguns professores de Educação Física insistir em alto rendimento. Felizmente este modelo vem modificando-se, aos poucos. Assim, a idéia que se tem de Esporte é muito mais ampla, o que permite uma variedade de entendimentos. Dependendo do conceito e do entendimento, ele pode estar ou não vinculado à Saúde.
Nas escolas, os pré-requisitos para os professores de Educação Física é que não, necessariamente,sejam grandes atletas que sabem jogar, mas que sejam grandes professores que saibam ensinar.
Antigamente na educação de jovens e adultos não havia muitos tipos de atividades para os alunos praticarem em função de não ter um espaço adequado. Quando tinham as aulas elas não eram muito produtivas, pelo fato de não haver um profissional capacitado para ministrar a educação física para aquela idade e capacidade física muito diversificada. Percebe-se que naquela época havia uma defasagem na licenciatura do docente e que ainda nos tempos atuais deve ser reciclada, pois encontra-se muitos profissionais que fazem da educação física uma disciplina onde seu único componente “educativo” é a bola.
 Hoje os alunos da EJA, buscam exercícios de relaxamento, de descontração, e a ludicidade se torna uma grande aliada nesse processo de ensino aprendizagem. Esses tipos de atividades são essenciais para o corpo, pois proporcionam bem-estar, melhorando o convívio na escola, no trabalho e em casa.
Na educação regular como na EJA, enfrentasse um impasse: As aulas de Educação Física devem ser no mesmo período das outras disciplinas? Através de uma análise aprofundada, evidenciam-se as vantagens e desvantagens dessa medida. Quanto às vantagens: o aluno não precisa voltar para escola após ter ido para casa, evitando o gasto com passagem e fugindo dos perigos das ruas; uma maior inclusão dos alunos nas aulas, pois esses não têm como pedir dispensa, se utilizando da desculpa de estarem doente ou que não tem dinheiro para passagem. Quanto às desvantagens: os alunos que participam das aulas, que antes eram dispensados, são desmotivados por não querer estar ali; quando as aulas de Educação Física são nos primeiros horários, os alunos ficam suados e sujos para assistir as outras aulas.
O processo de ensino-aprendizagem destinado a jovens e adultos deve ser considerado objeto de amplas reflexões no sentido de apresentar alternativas que favoreçam sua participação plena no processo de ensino-aprendizagem, levando esses sujeitos, a tornarem-se pessoas ativas e construtores do seu conhecimento.
Deste modo, é evidente a necessidade de construir uma política educacional permanente para jovens e adultos. Somente assim, pode-se efetivamente construir uma educação plena e que possibilite uma formação emancipadora para todos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Constatou-se que os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), são pessoas com muita experiência de vida, na maioria das vezes trabalhadores assalariados que lutam pela sobrevivência na cidade ou no interior, pessoas que apresentam uma desconfiança em relação à escola ou por não terem tido acesso a ela quando crianças ou por terem se evadido por causa de experiências ruins no processo de ensino.
Dessa forma essa educação apresenta-se como uma especificidade etária e sócio-cultural, na medida em que está dirigida a determinados grupos culturais de pessoas de uma determinada classe social, ou seja, grupos sociais de uma classe economicamente baixa.
Estes alunos buscam nas aulas de Educação Física momentos de relaxamento, dinâmicas, atividades em grupo, alongamentos de baixa intensidade articular (ginástica laboral) e períodos de conversação, para exporem idéias e vivências.
Ao comparar as vantagens e desvantagens das aulas de Educação Física no mesmo horário das outras disciplinas. Analisa-se que a falta de infraestrutura das escolas favorece para o mau andamento das aulas de Educação Física, haja vista que, se tivesse banheiros com chuveiros para os alunos após as aulas tomassem seu banho e não voltasse para sala de aula suado e sujo.
Hoje, ainda há um estereotipo de Educação Física Esportivista, fazendo com que o aluno não se interesse totalmente pela aula. Já que na maioria da EJA os educandos são trabalhadores, idosos e gestantes, os quais estão cansados de sua rotina diária para chegar ao fim do dia e jogar futebol.
Portanto tanto, as instituições, quanto os educadores,deverão atentar-se para a necessidade de terem uma visão transformadora da educação para torná-la uma educação libertadora, devendo para isso ter objetivos bem traçados por meio de atividades planejadas, conteúdos organizados, métodos e recursos de ensino atrativos e interessantes para que os alunos possam ter um melhor entendimento do que lhe está sendo ensinado e desta forma mais facilidade em aprender.
Propomos à Secretaria de Estado da Educação do Amapá (Seed) que haja mais cursos de reciclagem para os docentes, porque ficou evidenciado o despreparo destes em ministrar aulas ao Ensino de Jovens e Adultos. E, à Secretaria de Infra-Estrutura do Amapá (Seinf) que faça melhorias nas dependências das instituições de ensino, em especial nas salas de aula, pois constata-se que estas quando não tem uma iluminação inadequada apresenta condições insuficientes para uma aula produtiva, pois a maioria têm temperaturas elevadas.


REFERÊNCIAS


MEDICINA TROPICAL. Conceito de saúde segundo a OMS. Disponível em: <http://www.alternativamedicina.com/medicina-tropical/conceito-saude>. Acesso em: 13 mar. 2012.


COSTA, Leandro da; JESUS, Maria Assunção Brito de; SILVA, Mariza Carmen. A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Análise dos documentos curriculares. Disponível em: <http://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/b/b5/MonografiafinalPROEJA.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2012.


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, LDB – 9394/96) Artigo 26, parágrafo 3º.


LOUREIRO, Luciano Leal; MACHADO, Julia Lepkoski. A POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSIC NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PARA A MELHORA DA SAÚDE E MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: uma revisão bibliográfica. Disponível em: <http://guaiba.ulbra.tche.br/pesquisa/2009/artigos/edfis/salao/483.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2012.


KNOBEL, Keila A. Baraldi. FONOAUDIOLOGOGIA E SAÚDE. Disponível em:
<http://www.fonoesaude.org/saude.htm>. Acesso em: 17 mar. 2012.

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